terça-feira, 27 de setembro de 2011

LBV promove Encontro de Famílias com palestra

Local: Centro Comunitário de Assistência Social
Endereço: Rua Alberto Paulovick 2-30 Bairro Mary Dota
Data: 27/09/2011 a partir das 16:30
Tema: Saúde do Homem cuide melhor da sua saúde.
Participação: Equipe do Instituto Bauru com a coordenadora, Maria Fernanda Tisatto e orientadora de saúde, Elenice Simonetti.

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Que tal refletir um pouco?

O Tigre e a Lebre
Era uma vez um jovem que vivia decepcionado, amargurado, queixando-se de como as pessoas se tinham tornado desumanas, que se perdera a solidariedade, que ninguém se importava com ninguém. Um dia decidiu dar um passeio pelo monte. Surpreso, viu uma lebre que levava comida para um tigre gravemente ferido e não podia sustentar-se a si mesmo.
O jovem ficou tão impressionado com aquele fato que resolveu voltar no dia seguinte para comprovar se o comportamento da lebre era casual ou habitual. Com surpresa, pôde comprovar que a cena se repetia: a lebre deixava um grande pedaço de carne perto do tigre.
Passaram-se os dias e a cena repetia-se de forma idêntica, até que o tigre recuperou as forças e pôde procurar comida por sua própria conta.
Admirado com a solidariedade e cooperação entre os animais, disse a si mesmo: "Nem tudo está perdido. Se os animais, que são inferiores a nós, são capazes de ajudar-se desse modo, muito mais o farão as pessoas.” E decidiu fazer a experiência.
Jogou-se ao chão, fingindo que estava ferido e esperou que alguém passasse e o ajudasse. Passaram-se horas, chegou a noite e ninguém se aproximou para o ajudar. Aguentava a fome, a sede, as investidas da frustração e o desespero. Permaneceu assim durante todo o dia e já ia levantar-se com a convicção de que a humanidade não tinha remédio quando escutou uma voz dentro de si que lhe dizia: "Se queres ver os teus semelhantes como irmãos, deixa de agir como o tigre e faça-se de lebre".

* Texto trabalhado na reunião da Rede Entrelaços no dia 20/07/2011

Para começar...

Para iniciar o trabalho do blog que marca a Rede Entrelaços, um belo texto do autor Rubem Alves sobre saber ouvir o outro. Boa leitura!

Escutatória - Rubem Alves

Sempre vejo anunciados cursos de oratória. Nunca vi anunciado curso de escutatória. Todo mundo quer aprender a falar... Ninguém quer aprender a ouvir.
Pensei em oferecer um curso de escutatória, mas acho que ninguém vai se matricular. Escutar é complicado e sutil.
Diz Alberto Caeiro que... Não é bastante não ser cego para ver as árvores e as flores. É preciso também não ter filosofia nenhuma.
Filosofia é um monte de idéias, dentro da cabeça, sobre como são as coisas.  Para se ver, é preciso que a cabeça esteja vazia.
Parafraseio o Alberto Caeiro: Não é bastante ter ouvidos para ouvir o que é dito.  É preciso também que haja silêncio dentro da alma.
Daí a dificuldade:  A gente não agüenta ouvir o que o outro diz sem logo dar um palpite melhor...  Sem misturar o que ele diz com aquilo que a gente tem a dizer.
Como se aquilo que ele diz não fosse digno de descansada consideração...  E precisasse ser complementado por aquilo que a gente tem a dizer, que é muito melhor.  Nossa incapacidade de ouvir é a manifestação mais constante e sutil de nossa arrogância e vaidade.  No fundo, somos os mais bonitos...
Tenho um velho amigo, Jovelino, que se mudou para os Estados Unidos estimulado pela revolução de 64. Contou-me de sua experiência com os índios: Reunidos os participantes, ninguém fala.  Há um longo, longo silêncio.
Vejam a semelhança... Os pianistas, por exemplo, antes de iniciar o concerto, diante do piano, ficam assentados em silêncio... Abrindo vazios de silêncio... Expulsando todas as idéias estranhas. Todos em silêncio, à espera do pensamento essencial. Aí, de repente, alguém fala.
Curto. Todos ouvem. Terminada a fala, novo silêncio. Falar logo em seguida seria um grande desrespeito, pois o outro falou os seus pensamentos.  Pensamentos que ele julgava essenciais.
São-me estranhos. É preciso tempo para entender o que o outro falou.  Se eu falar logo a seguir... São duas as possibilidades. Primeira: Fiquei em silêncio só por delicadeza.  Na verdade, não ouvi o que você falou.
Enquanto você falava, eu pensava nas coisas que iria falar quando você terminasse sua (tola) fala. Falo como se você não tivesse falado.
Segunda: Ouvi o que você falou. Mas, isso que você falou como novidade eu já pensei há muito tempo. É coisa velha para mim. Tanto que nem preciso pensar sobre o que você falou.
Em ambos os casos, estou chamando o outro de tolo. O que é pior que uma bofetada. O longo silêncio quer dizer: Estou ponderando cuidadosamente tudo aquilo que você falou. E, assim vai a reunião.
Não basta o silêncio de fora. É preciso silêncio dentro. Ausência de pensamentos. E aí, quando se faz o silêncio dentro, a gente começa a ouvir coisas que não ouvia.  Eu comecei a ouvir.
Fernando Pessoa conhecia a experiência... E, se referia a algo que se ouve nos interstícios das palavras... No lugar onde não há palavras.
A música acontece no silêncio. A alma é uma catedral submersa.  No fundo do mar - quem faz mergulho sabe - a boca fica fechada.. Somos todos olhos e ouvidos.  Aí, livres dos ruídos do falatório e dos saberes da filosofia, ouvimos a melodia que não havia... Que de tão linda nos faz chorar.
Para mim, Deus é isto: A beleza que se ouve no silêncio.  Daí a importância de saber ouvir os outros: A beleza mora lá também. Comunhão é quando a beleza do outro e a beleza da gente se juntam num contraponto.

* Texto trabalhado no encontro da Rede Entrelaços no dia 22/06/2011